segunda-feira, 16 de maio de 2011

nunca é tarde...


Quero falar de mim e dos meus filhos.

A cada dia que passa, estando perto ou longe dos meus pequenos, eu percebo que sou um grande felizardo por tê-los. Na verdade, me sinto especial mesmo, porque sei bem o caminho que tive de trilhar para que eles hoje estivem aqui e como fui, e sou, um lutador para que este caminho fosse/seja o melhor possível. Digo lutador, porque não tenho problemas de modéstia, tampouco seja soberbo a ponto de me sentir vitorioso, embora seja por ela, a vitória, que eu esteja procurando.

Sim! Vou ser super cliche e utilizar todo o vernáculo comum para dizer que amo ser pai e pai de meus filhos, do jeito que são, com a nossa história, do nosso jeito.

Hoje convivemos um pouco menos e a alegria de tê-los, o pouco que seja, me move a uma corrida, por vezes, cruel de acelerada, para levá-los à vida. Quando os levo à escola, por exemplo, muitas vezes esta é a única hora que temos juntos e juro, que nessa hora, tento ser, o brincalhão que chega fazendo festa, o responsável que lembra do uniforme e afins e o chato que corre atrás, prá lá e prá cá, num puxar de orelhas frenético, para entregá-los, apesar de tanta resistência, aos braços do conhecimento formal.

Por outro lado, confesso, o ranso da vida, as vezes, também faz emergir comportamentos intolerantes e impacientes que pouco contribuem na formação do cidadão do bem, e muito atrapalham, naqueles parcos 60' de alegria, a construção de uma convivência de amor profundo e respeitoso. Conflitos! Muitos conflitos!

Eis a batalha. Ganha sim a metáfora do lutador porque é só a coragem daquele que entrega a vida, seja lá como, que explica isso tudo. De verdade, espero acertar. Que venha o futuro, que perdure o amor. Sempre!

terça-feira, 29 de março de 2011

e pra não dizer que eu não falei das flores...


tarefa difícil. mas hoje quero falar um pouco da sorte.
digo sorte, porque não consigo termo melhor pra traduzir a oportunidade de se ter alguém de quem você realmente goste ao seu lado, mais ainda se essa pessoa verdadeiramente também te amar.

o tipo de encontro de que estou falando não é esse que quase a totalidade das pessoas experimentam, e eu nem estou falando da masturbação comunitária em que se transformaram muitos dos relacionamentos atuais, mas de encontros bonitos e saudáveis, que em geral até fazem as pessoas felizes, mas mais porque elas assim o querem do que pela própria espontaneidade do encontro real.

encontros são raros. únicos. inesquecíveis. eles nos seduzem por nos fazer achar que estamos isentos do vazio instalado pela solidão do homem. engano! isso não ocorre! somos sozinhos sim! mas faz uma diferença danada, né? está ai o elemento sorte. sentimos o que achamos, achamos o que sentimos... tudo passa a fazer sentido, mesmo não tendo. é bem mais difícil comer a carne crua. ao sermos enganados quanto a inexistência da morte, passamos a viver quase como folhas flutuantes em algum campo interiorano.

devo parecer confuso, já nem ligo mais que pensem isso de mim, mas até no mito da criação o criador fez o homem sozinho e depois disse que ele não deveria ficar só. nessa dimensão, na licença que me dou de interpretar a vida com meus olhos enganados e enganadores, penso sempre nela: na amizade. o amor sublime, a presença salutar, a justa medida.

se essa amizade for ainda a de alguém com que você queira acordar... sorte! muita sorte! boa sorte!

sexta-feira, 11 de março de 2011

aham?


A sanidade deve ser mesmo algo raro. Como é que eu posso garantir que as minhas palavras e - o pior! - meus sentimentos não me levam para um destino infeliz? Prefiro não falar de sensatez, porque essa palavra já não existe mais no meu léxico. Forçando a barra, tirando o insesto, o canibalismo, o homicídio e a pedofilia, para mim tudo é 'relativamente sensato'. Quem sou eu para dizer o que é certo ou errado? Não aguento mais isso! Diabo de tarefa difícil! O limite do respeito a amizade é uma boa referência, e eu já discuti isso por aqui, mas ainda assim, eu teria de escrutinar a alma da pessoa para dizer se ela é boa ou ruim e saber se o que ela produz na vida é realemente de todo mal.

Muita gente defende a importância da intuição. A intuição nos permitiria pensar na pessoa divina, a qual, em tese, agiria nos níveis ocultos de nossa existência, fazendo com que acertássemos. Mas ai, a gente esbarra na celeuma religiosa e eu prefiro a coisa mais crua.

Um mundo de pessoas insiste em passar a mão na sua cabeça e tecer elogios eternos quanto a sua capacidade de 'elocubração', 'elaboração' etc etc etc. Aham! Como diria a Xuxa: Senta lá Claudia! É só você perder o primeiro prazo de pagamento de uma conta, é só você dar uma palmada mal dada, é só você fazer alguém sofrer na vida que você se torna o ser mais mal encarado do cinema mundial. E o pior que por muitas vezes isso se dá porque você mesmo acredita nisso.

Eu já vivi isso tudo. Análise? Tem ajudado. Caminhei bastante. Mas pensando bem... Em qual caminho? Ih! Meu grau de insanidade está mesmo nas alturas. É melhor 'curtir o dia'. Fui!

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

espaços


Quando olho para trás, na vida, descubro que ainda tem muitas coisas das quais eu me arrependo. São pensamentos insalubres e insosos, desnecessários, mas que insistem em bater na porta do meu ego, de quem eles encontram apoio e todo suporte para tentar ofuscar aquilo de bom e digno que também vivi.

Nessa hora bate aquele vazio existencial, o qual, ao mesmo tempo, me destroça como pessoa, mas me fortalece como humano.

Como pessoa, minhas fragilidades gritam pelo ombro amigo, a perna que encosta, pela cumplicidade de um olhar e pela falsa certeza de que sempre haverá alguém para te dizer que está lá com você.

Como humano, de modo inversamente proporcional, eu cresço. Cresço, pois sou obrigado a descobrir que a única presença que realmente habita minha existência é a minha. Cresço porque descubro que sou mais forte do que pensava e que o sofrer nos faz mais inteiros, mais verdadeiros, mais confiantes e capazes de superar tantos avessos. Nessa hora acredito em Deus!

Certa vez me disseram que o mais importante na vida não é o chegar, mas o próprio caminhar. E eu acreditei nisso. Não quero, portanto, sucumbir aos pretensos fracassos que me fizeram chorar, às mentiras infantis que me fizeram acreditar que a vida é um conto de fadas em que eu sou o sol, ao redor do qual giram planetas, asteróides e gentes, aos amores confusos e ofegantes que, no fundo, de mim muito levaram e quase sempre pouco deixaram.

Não! Não quero mais! Quero pensar na vitória de cada dia, na caminhada que me conquista e que me perrmite ver que sou grande, numa pequenez limitante da qual pouco quero saber e muito quero mudar.
Acredito, espero um dia garantir, que só assim o vazio, esse vácuo infernal que nos acompanha a todos, será apenas um companheiro com quem convivo, por não ter opção, mas de quem aprendo muito, pelo mesmo motivo.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

'Dibicando' pipas...


A vida é um grande campo. Verde, sereno, iluminado, onde venta um vento leve e constante.
No campo encontram-se pessoas... muitas pessoas! Sozinhas, silenciosas e com olhar fixo no acontece no firmamento. Nas suas mãos, um fio. Um fio de linha, extenso e delicado que liga cada uma a sua pipa: rebolante ou não, longínqua ou próxima, colorida ou apagada, mas pipa!
Essas pessoas solitariamente 'dibicam' e movimentam seu brinquedo de acordo com as possibilidades impostas pelos ventos: o externo, aquele que não podemos controlar, e o interno, aquele que tanto insistem que controlemos. Assim, elas ficam lá.. dibicando. Sempre sozinhas, sempre... só elas!
As vezes as pipas se aproximam umas das outras e um ruido tenso e silencioso se estabelece. O encontrar de pipas pode ser perigoso. O simples toque pode deixar marcas profundas e definitivas em cada uma. Os encontros, mesmo antes de ocorrerem, assustam e nem sempre são evitáveis. Pelo contrário! Ao expor sua pipa, o dono, inevitavelmente, a coloca no limite do individual e do coletivo e esse limite é tão tênue que há quem afirme que ele não exista. O silêncio e a solidão acontecem em meio ao berro social em que se encerra o campo.
Vez ou outra, vê-se uma pipa sem paradeiro, estanque, indo... indo...
Acabou seu tempo de 'dibiques' e firulas. Ela se foi e nesse momento um silêncio mortal, mas genuino, significa a grande dúvida dos que permanecem a dibicar: para onde?
Olhar a pipa indo embora é aterrorizante, mas todos são obrigados a fazê-lo, pois os que se recusam tornam-se tão fixos em suas próprias pipas que parecem zumbis perdidos numa estrada de luz: embora iluminada, não sabem para que servem, para eles, ela não faz sentido.
E assim, solitariamente, permanecem todos a 'dibicar', traçando contornos e retornos condicionados, em última análise, pelo tempo, ele mesmo: o cronos devorador de pipas!

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Pus o meu sonho num navio


Não é meu não, é da Cecília (a Meireles, por favor)mas é como se meu fosse...


Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar

Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.

O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...

Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.

Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

forças


Alguma coisa brota em mim que me faz ser, segundo todos querem que eu acredite, demoníaco. É isso mesmo! DEMONÍACO com todas as letras garrafais e aquelas bocas de heavy metal de batom preto e linguão de piercing pra fora. Grotesco? Pode ser sim, mas real.

Paremos para pensar um pouco. Uma vida libertária de fato, no meu ver, segue dois caminhos, ao mesmo tempo: o do respeito ao próximo e a si mesmo. É o mesmo princípio cristão do amai ao próximo etc etc etc. O que ninguém quer parar para pensar é o que amar a si mesmo pode significar.

A origem da palavra demoníaco desemboca em dois sentidos que são antagônicos, talvez não em termos sincrônicos, mas no que se propõem a serem. O nefasto, o esquerdo, o cambrolhão está ligado á idéia de diabólico. Esse me assusta! Esse pode me tirar daquele caminho do respeito ao próximo, e por consequência, da minha liberdade humanitária. O outro, é ele mesmo, o demoníaco que está ligado exatamente àquelas forças de TNT que nos impulsionam, nos fazem impulsivos, e fazem com que nos sintamos mais vivos. Traduzindo é a libido: o tesão, a vontade de dançar, de beber, de xingar a quinta geração de vizinhos, de botar fogo no rabo do gato e de mandar aquela velha professora pra ponte que partiu em Barra de São João! Também é a força que me faz amar. Amar até as últimas consequências. Com demonstrações sinceras de carinho, com choros, escândalos e silêncios. Pode até ser aquela força que no suicídio nos faz ter a falsa ilusão de que ali a vida continua. Enfim, é o moinho, o gerador, o ponta pé, o tapa na bunda que faz o bebê perceber que por aqui não cabe ficar engasgado.