segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Aridez


Pedra...
Vida que pedra da pedra sem pedra de pedra empedrada.
Vazio...
Vazio silêncio que silencia o silêncio de silêncios diversos.
Fumaça...
Escura fumaça de fumaça que fumega toda fumaça sem fumaça

rio que segue...
vento que passa...
tempo que consome
e consome
e some
que cura
e cura
cura

Flor...
Flor que floreia as flores floridas de flores que floreiam
Céu...
Dias de céu que céu os céus de todos os céus
Paz...
Vida que paz a paz de uma vida que de pedra, vazio e fumaça só paz o que de fato paz!

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Caminhar é preciso!


Caminhar é preciso!
Antes de qualquer coisa, é preciso caminhar. Lembro do desespero dos peixinhos de Finding Nemo tentando fugir da rede macabra do homem-faminto. Este cumpria com seu papel de buscar para si meios de subsistência, aqueles com o de procurar manter a existência.

Caminhar é preciso!
No desespero, na rede de pesca, difícil é acreditar que vale a pena continuar. Pra eles valeu... Que bom! Imaginem quantas crianças ficariam traumatizadas?

Só que a rede, muitas vezes, custa a arrebentar e quando arrebenta, pode resvalar em rochas e outras surpresas que nem sempre são agradáveis.
Somos escravos de nossa liberdade! E na nossa auto-suficiência, na nossa crença de que somos super-homens de capas vermelhas blindadas e peitos de aço protetores contra dor, vivemos... ou assim pensamos!

Fato é que nada somos. Para os que creem, e eu sou um desses, só passamos a ser quando na posição de criatura, o que requer um Criador.
Quando acreditamos que nossa existência não se deve ao acaso, temos a chance da luz. O enlightment que nos persegue e atrai, que nos ofusca e ilumina, que nos mostra grandes e pequenos.

Somente assim, creio eu, na ignorância de minha vida, conseguimos caminhar. Somente assim, conseguimos acreditar, sem pregação piegas, na vida, na nossa vida.

Sim, viver a vida que deve ser vivida. Com altos e baixos, saltos e tropeços, mas sempre ela, a vida. Só assim, somente assim, acho que descobrimos que caminhar é preciso!

Sim! Caminhemos! Juntos e sozinhos na pista que com amor nos foi preparada...
Em outras palavras, como dizia o peixinho: "Continue a nadar!"

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Amigos... :)


"Suponhamos que uma raça realmente se mostrasse inferior, por evidências científicas indubtáveis; esse fato justificaria seu extermínio? Mas a resposta a essa pergunta é muito fácil, pois podemos invocar o 'Não matarás' que efetivamente tornou-se o pensamento legal e moral do Ocidente desde a vitória do cristianismo sobre a antiguidade. Mas em termos de um pensamento não govenado por restrições legais, morais ou religiosas [...] a pergunta teria de ser colocada assim: Tal doutrina, mesmo que convincentemente demonstrada, valerá o sacrifício de uma única amizade que seja entre duas pessoas?"
Hannah Arendt sobre Lessing

é isso o que penso: a amizade é uma grande verdade. ela é sempre o sentimento mais fundamental existente entre os homens...

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

A justiça vem antes da caridade


Quando alguém se dá conta de que é evoluido por achar que consegue ajudar o próximo que precisa...'tá fudido!'...pode estar cometendo um erro maior do que o da indiferença.

Nosso cotidiano é permeado de distorções e inverdades que mostram como que de muitos do nosso entorno lhes tenham sido pilhadas essências e verdades de forma que estes moribundos sejam forçados a caminhar com pernas de pau, já que as suas se lhes foram destituidas.

As brincadeiras do SOS sopão para mendigos, do Bolsa-trombadinha do sinal vermelho, do Brechó da 3a idade - cujos modelos exclusivos são em geral doações diretas daqueles que atravesaram o túnel do além - não passam de uma sacanagem que a gente faz com os menos favorecidos para que a nossa hipócrita consciência cristã possa sempre 'repousar no Senhor, porque a nossa parte já foi feita'. People suck! Eu já disse.
Pobre Senhor que se vê obrigado a participar de comíssios, orações de cura, palestras e seminários teologais que visam a solucionar 'as distorções sociais'. Putz!
Essa é uma ode aos pobres favelados pobres, aos doentes moribundos que repousam em seus spas SUS D'or, aos religiosos e suas certezas irrefutáveis, aos ateus e suas irrefutáveis certezas, às putas e viados, aos estudantes da escola pública miserável, aos descasados e encalhados, às infelizes passa-lava-arrumadeiras esposas, ao gangrenado e infartado velhote de cabeça branca e àquele resto de porra e início de vida que sê obrigado a sair fora do túnel da vida sem nem mesmo ter tido a chance de conhecê-la. Enfim, hoje não estou poético, estou com a alma cansada, mas com a fé em um Deus que há de ser bom sempre, apesar da gente. Tentemos olhar as coisas mais de frente a assumir a proposta das bem-aventuranças, assumindo e amando o próximo, através de uma conduta, atitude e discurso que de fato nos permitam a sonhada consciência limpa.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Palhaços


Eu perdi a inocência há muito tempo.
Claro que continuo não enxergando um palmo a minha frente, mas burradas, acertos e tentativas me fazem atento a possíveis cabeçadas e tropeços.O que me impressiona é ver que ainda há inocentes ao meu redor.
Os inocentes são impressionantemente felizes, diria até mágicos. Quando a vida tenta maltratá-los, com sua bondade de coração, eles conseguem ludibriá-la e fazê-la sorrir junto deles, como se ela mesma, a vida, fosse no fundo uma festa à la Baco. São como crianças no circo: apesar do contido espaço em que são colocadas, elas se expandem em sorrisos, gritos e pipocas por um tombo, um susto ou o chorar mascarado de um palhaço, que nas metáforas da vida é, em última análise, ela mesma.
Quisera eu ser assim. Como os pequeninos, os herdeiros do reino.
Talvez meu silêncio cessace e minhas reflexões teriam mais sentido.
Só não abro mão de uma coisa: tê-los por perto faz a vida bem mais interessante.
Um brinde ao inocente!

domingo, 14 de junho de 2009

O mito




Me irrita a postura das pessoas diante do mito.
O pior é que quase tudo é mito, mas todos sabem que a vida pode se tornar um caos para aqueles que querem fugir do mito - como se isso fosse possível -, já que eles terminam vivendo em função do mito de que não existe mito... e sobre isso, não minto!

As pessoas constróem ilusões a partir das loucuras imaginativas herdadas ao longo dessa tal de história. Aliás, o pior da história é saber que você é resultado dela e ter de ser senhor do seu próprio curso. Difícil acreditar que isso é possível...lembra do tal 'efeito borboleta'? Credo!

E o rio segue... e as folhas caidas das árvores seguem... errantes e quase sempre sem medo de estarem erradas, porque o mito assim as permite ser. Que bom! Talvez fosse insuportável se não fosse assim.

Acho que hoje eu estou muito chato. E isso não é mito!

quinta-feira, 30 de abril de 2009

O recomeço, o medo e a fantasia


Na vida, todo dia temos a chance do recomeço. O passado não mais existe, lá ficou! A perspectiva do dia seguinte é a única realidade que importa, mas ela necessariamente passa pelo fulgaz momento presente. Não é por acaso que a bíblia cita a necessidade de pensarmos no agora...

O recomeço acontece no agora em função da fantasia de um futuro mais aprazível. De certo, nesse jogo de azar, emaranhado com fios suaves de teia de aranha que mal podemos identificar, mas que formam um sistema complexo-perfeito, só nos cabe segurar no volante de nossa própria existência. Ultrapassagens e olhadas de retrovisor podem ser perigosas, mas que elas fazem parte dessa caminhada, disso não tenho dúvidas. Sejam as nossas ou as dos que nos cercam, elas sempre nos afetarão de alguma forma.

Não existe controle de fato. Também não existe caos completo. O discurso é construido, a vida é conduzida, e seja lá qual for o resultado, a blindagem do fingimento de que somos felizes nos permite seguir. Sem ela, o desepero nos assola... o carro atola.

Não posso concluir sem falar do medo. Implicitamente, ele permeia todo esse pensamento: silencioso, astuto e ao mesmo tempo voraz, ele se faz de co-piloto e se dá o direito de opinar, de sugerir, de decidir. Aos que gostam de dirigir sozinhos, todo o mérito! São esses os verdadeiros libertos, bandeirantes numa escura, densa e perigosa floresta, que no final de cada noite nos brinda com o nascer da luz e com o sussurro dos rios. Ou seria o conrário? Nos brinda, ao final do dia, sempre com a escura dose pesada de realidade de que o que está a uma palma da sua frente é, inegavelmente, o que você não conhece?

Opções... a nós, cabe definir as nossas... Enjoy!

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Paixão de mamute


Paixão de mamute...

Eu nunca vi um mamute.

Também nunca vi indivíduo apaixonado que não fique hipertrofiado como um. Apaixonados são insuportavelmente grandes. Não há mundo murcho. Não há dia chuvoso. Neblina não existe.

O apaixonado carrega o corpo no coração. Seu olhar é viciado, viciado a acreditar que tudo é perfeito. Não precisam de mais nada, e foda-se os outros, porque eles não precisam de ninguém mais para se sentirem absolutos, para se sentirem Deuses.

Eis a nota de roda-pé! O contratao é bilateral... e ai o rabo torce a porca!

A verdade pode ser amarga, e a única moeda que você tinha no bolso é na verdade aquela que pode te fazer miserável... forever!

O objeto desejado tem vida própria, da sua forma, ele tem vida própria. Nosso poder de desejo, nada tem a ver com nossa capacidade de conquista... as partes mantém cotas igualitárias. E ai, tudo pode 'babar'...

Ai, os mamutes! Se eles soubessem disso tudo, não teriam se tornado elefantes...

domingo, 8 de fevereiro de 2009

manhã de domingo

Manhã de domingo é igual a encontro com psicanalista. Você sempre para tudo para, de alguma forma, pensar na sua vida, seja buscando algo menos ordinário a ser feito, seja pela busca de respostas provindas de algum plano extra físico, seja teorizando sobre a vida que você percebe refletida no teto branco do seu quarto.

Isso dá pano pra manga. Vive-se um dia, como se todos os outros não o fossem. De fato, eles apenas parecem a fotografia da rotina do proletário, carvoeiro, que roboticamente vive e atua no cenário real sem perceber que o tempo o devora. Mas o domingo não! O domingo é diferente, é cronista, questionador, observador e (por que não dizer?): alegre.

Não faz sentido isso. Não sou o primeiro a dizê-lo. Também não é necessário aceitá-lo.

Agora, se a sua manhã de domingo for chuvosa... danou-se!
Boa semana!

domingo, 1 de fevereiro de 2009

pulvis est et in pulvis revertere

conjugação verbal:

eu virarei pó

você virou a casaca

Ele virá

nós viraríamos o país do futuro

a gente vira a massa

vocês viram os pobres??

eles viraram pó... e até agora não voltaram pra falar do sopro

sábado, 31 de janeiro de 2009


A inteligência cria mundos que não vemos, enquanto a burrice destrói o único que temos.

Na vida, eu crio mundos. O tempo inteiro. No campo profissional, fico me imaginando produtivo, promissor e fico projetando o sucesso. As vezes projeto o caos, a falência e a desordem.

Na vida pessoal, fico projetando os 'e se'...
E se eu não tivesse feio isso? E se eu tivesse dito aquilo? E se eu tivesse sido mais corajoso? Merda! Eu odeio os 'e se'. Frustram-me. Fazem me lembrar da minha covardia, da minha limitação e miséria. Da minha incapacidade de contemplar a beleza do presente. Acabam-se verdades, destróem-se conquistas, perdem-se amizades e quebram-se promessas.

Eis, então, a burrice... veloz, sagaz e completa. Cegando e seduzindo como perfume de mulher loira. Foda!

Mas respiro o falso perfume da felicidade suposta, da felicidade imaginada.

E quando caio na real (se é que já cai) percebo-me misto. Misto de intelgência e burrice. Um misto-quente.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Cativar


E foi então que apareceu a raposa.
__ Bom dia - disse a raposa.
__ Bom dia - respondeu educadamente o pequeno príncipe, que , olhando a sua volta, nada viu.
__ Eu estou aqui - disse a voz, debaixo da macieira...
__ Quem és tu? - perguntou o principezinho. __ Tu es bem bonita...
__ Sou uma raposa - disse a raposa.
__ Vem brincar comigo - propôs ele. __ Estou tão triste...
__ Eu não posso brincar contigo - disse a raposa. __ Não me cativaram ainda.
__ Ah! desculpa - disse o principezinho.
Mas após refletir, acrescentou:
__ O que quer dizer "cativar"?
__ Tu não és daqui - disse a raposa. __ Que procuras?
__ Procuro homens - disse o pequeno príncipe. __ Que quer dizer "cativar"?
__ Os homens - disse a raposa - têm fuzis e caçam. É assustador! Criam galinhas também. É a única coisa que fazem de interessante. Tu procuras galinhas?
__ Não - disse o príncipe. __ Eu procuro amigos. __ Que quer dizer "cativar"?
__ É algo quase sempre esquecido - disse a raposa. __ Significa "criar laços"...
__ Criar laços?
__ Exatamente - disse a raposa. __ Tu não és nada para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E Não tenho necessidade de ti. E tu também não tem necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. Eu serei para ti única no mundo...
__ Começo a compreender - disse o pequeno príncipe. __ Existe uma flôr... eu creio que ela me cativou...
__ É possível - disse a raposa. __ Vê-se tanta coisa na Terra...
__ Oh! não foi na Terra - disse o principezinho.
A raposa pareceu intrigada:
__ Num outro planeta?
__ Sim.
__ Há caçadores nesse outro planeta?
__ Não.
__ Que bom! E galinhas?
__ Também não
__ Nada é perfeito - suspirou a raposa.
Mas a raposa retornou a seu raciocínio.
__ Minha vida é monótona. Eu caço as galinhas e os homens me caçam. Todas as galinhas se parecem e todos os homens também. E isso me incomoda um pouco. Mas se tu me cativas, minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra. Os teus me chamarão para fora da toca, como se fosse música. E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo? Eu não como pão. O trigo para mim não vale nada. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste! Mas tu tens cabelos dourados. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará com que eu me lembre de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo... A raposa calou-se e observou por muito tempo o príncipe:
__ Por favor... cativa-me! -disse ela.
__ Eu até gostaria -disse o principezinho -, mas não tenho muito tempo. Tenho amigos a descobrir e muitas coisas a conhecer.
__ A gente só conhece bem as coisas que cativou -disse a raposa. __ Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo já pronto nas lojas. Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos. Se tu queres um amigo, cativa-me!
__ O que é preciso fazer? -perguntou o pequeno príncipe.
__ É preciso ser paciente -respondeu a raposa. __ Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. E te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos. Mas, cada dia, te sentarás um pouco mais perto...
No dia seguinte o príncipe voltou.
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Pra pensar...
Por quanto tempo devemos ficar sentados na relva?
Até quando devemos ficar calados?
Quando se aproximar?
É verdade que a linguagem se torna fiel aos fatos?
Até quando voltamos?

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

entendiados e afoitos

"Neste mundo não há saída: há os que assistem, entediados, ao tempo passar da janela, e há os afoitos, que agarram a vida pelos colarinhos" (Maitê Proença)

Gosto dessa frase dela...muito. Até porque me sinto um 'afoito'. Por outro lado, acho esse pensamento um pouco preconceituoso, parece que 'os que assistem entendiados' têm demérito por isso. Nem sempre isso é verdade. Os entendiados muitas vezes são cuidadosos e por isso podem ter maior longevidade. É certo que podem ser entediados, mas o bom coração e proteção da ignorãncia também podem fazê-los felizes, à sua medida.

Da minha parte, continuo sendo afoito...

domingo, 11 de janeiro de 2009

A Caverna do Dragão


Eternas buscas ou Constantes conquistas? Duas maneiras de olharmos para o prisma dessa animação que marcou uma década... Estaria a turma de Hank em uma eterna saga em busca de sua liberdade ou podemos dizer que eles retratam todo o tempo as nossas batalhas que diariamente precisam ser vencidas?

Abro aqui um escpaço para refletirmos sobre a vida... qual seu sentido? Uma caminhada em direção a libertação ou um constante exercício de aperfeiçoamento?

Esse 'ploc' é pra isso mesmo... pra falar de tudo, inclusive do nada...rs

Divirtam-se

Ab
R